O Estado, Geral, Fortaleza, 21/11/2000
Época de globalização, dizem que mercado e indivíduo tendem a se especializar ao máximo e explorar cada vez mais a competição individual em lugar de um crescimento coletivo. Nesse contexto mundial, surge o Pacto de Cooperação do Ceará, acreditando ser uma alternativa àquela realidade. Depois de nove anos de existência, é indiscutível o impacto de seus valores no quadro social de nosso estado. Valores que precisam ser fomentados, perpetuados, semeados. Este é o principal objetivo do segundo livro sobre o Pacto de Cooperação, que teve pré-lançamento no café-da-manhã desta segunda-feira, dia 20/11, às 7h30, no hotel Plaza Praia Suítes. O livro chama-se “Os 5 Elementos: A Essência da Gestão Compartilhada no Pacto de Cooperação do Ceará” (QualityMark, 120 páginas). O empresário João de Paula Monteiro e o jornalista Flávio Paiva, autores do livro, falaram sobre a importância do resgate daqueles valores essenciais.
Flávio Paiva acompanhou a criação do movimento desde o início e destacou como grandes momentos assumir a coordenação do Fórum da Música Plural Brasileira – criado em março deste ano – e poder dividir com o João de Paula a realização do livro. O mais interessante para ele é a busca, no Pacto, de um “ponto de interseção”, mesmo quando há diferentes opiniões: “Uma das coisas que mais me atraiu foi discordar sem ser considerado um inimigo pessoal”.
O sucesso do Pacto, para João de Paula, depende da “escolha de fazer uma vida cidadã”. As características essenciais durante estes nove anos são includência, integração e sustentabilidade. João de Paula explicou cada um dos cinco elementos destacados no livro como formadores da essência do Pacto de Cooperação: a pluralidade, a virtualidade, a informalidade, a catálise e a cooperação. Ele acredita que a adoção desta fórmula para o exercício da cidadania tem dado frutos.
Os participantes manifestaram suas considerações sobre o caráter integrador do Pacto, elogiando principalmente a criação do Planefor – Planejamento Estratégico da Região Metropolitana de Fortaleza, que constituiu-se num movimento inverso do que ocorre na maioria das cidades, ou seja, uma iniciativa da sociedade para o governo, que reuniu os setores mais carentes – através de seminários nas periferias -, as universidades e os governos estadual e municipal. Outra iniciativa do Pacto lembrada na reunião foi a criação do Pacto pelas Pessoas Portadoras de Deficiência, que permitiu uma articulação entre cidadãos com diferentes deficiências físicas – cadeirantes, cegos, surdos etc. – que sofrem do mesmo mal: o preconceito e o descaso social.