Entre os fatores causadores do gravíssimo estado de esgotamento vital do planeta Terra, a instabilidade do sistema climático parece ser o mais perceptível ao senso comum, por provocar aumentos insuportáveis de ondas de calor e constantes eventos meteorológicos extremos. A humanidade está sem alternativa para se adaptar caso siga contribuindo para a degradação da biosfera.
A trágica realidade posta requer a confluência de esforços entre os mais diversos agentes de transformação do comportamento social com relação a si mesmos e ao meio ambiente. Em que pese a irreversibilidade de muitas dessas situações catastróficas naturais, cabe ao ser humano agir, onde quer que atue, através de iniciativas comprometidas com essa apertada margem de correção de rumos.
O que está ao nosso alcance são ações imediatas e cotidianas que possam influir de algum modo para alterar o curso das calamidades, quando não há mais um mundo tão farto de recursos onde possa vingar a política do “quem for podre que se quebre”. Na música “O sal da Terra” (1981), os compositores mineiros Beto Guedes e Ronaldo Bastos já avisavam que “Vamos precisar de todo mundo / Um mais um é sempre mais que dois” na hora de arrumar “o mais bonito dos planetas”.
Nessa linha, fundamenta-se o gesto oportuno do Instituto Itaúsa de apoiar efetivamente (por meio de coinvestimentos ou doações diretas) organizações e iniciativas que se mostrem voltadas de fato para a conservação do meio ambiente ou mesmo para a produção, em uma economia favorável à preservação dos ecossistemas e à melhoria das condições climáticas e de vida das pessoas.
A escolha de lugares com mais potencialidades de estoque de carbono é fundamental no combate à crise climática. O bioma Caatinga, por exemplo, essa unidade geográfica e biológica exclusivamente brasileira, possui elevado nível de captura de carbono em decorrência do equilíbrio de temperatura, radiação e umidade e da forma esparsa com que as chuvas são distribuídas, renovando a cobertura vegetal e, por conseguinte, absorvendo dióxido de carbono (CO2), o gás de efeito estufa emitido em maior escala no planeta.
Há muito o que ser feito para ir desacelerando a propagação de tantos incêndios, inundações e tempestades. O gesto do Instituto Itaúsa se inspira em princípios das famílias controladoras do grupo e estabelece parceiras com instituições afins, tais como o Instituto Ibirapitanga, dirigido para o aperfeiçoamento da democracia brasileira, o Instituto Arapyaú, que promove o desenvolvimento de baixo carbono no país, e o Instituto Clima e Sociedade (iCS), focado no enfrentamento das mudanças climáticas.
No livro “Decênio decisivo” (Elefante, 2023), Luiz Marques, professor Sênior de Humanidades e Ambientalismo da Ilum – Escola de Ciência do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), vinculada ao Ministério da Educação, argumenta que, independentemente das escolhas feitas, só resta ao ser humano cuidar de sua adaptação a um futuro pior do que o presente, evitando um futuro terminal.
A saída, segundo ele, passa por uma ruptura civilizacional com um vasto período em que a Terra era percebida apenas como uma moldura do drama histórico. Isso requer estruturas sociais, econômicas e políticas conscientes do que representam diante da crise socioambiental vigente. Cada gesto em favor dos organismos vivos, inclusos os humanos, vai definindo o que será do mundo.
Fonte:
Jornal O POVO