O Povo, Economia, 18/11/2000
A essência do Pacto de Cooperação do Ceará é assunto do livro do jornalista Flávio Paiva e do consultor João de Paula Monteiro. O livro será lançado segunda-feira. A intenção é divulgar os cinco principais elementos de funcionamento da iniciativa.
“Os Cinco Elementos. A essência da Gestão Compartilhada no Pacto de Cooperação”. O livro é uma reflexão dos autores sobre a dinâmica da iniciativa, em que identificaram a existência de cinco elementos principais – Cooperação, Pluralidade, Informalidade, Virtualidade e Catálise – que juntos e interpenetrados, formam a essência organizacional do Pacto. Paiva e Monteiro, envolvidos com o Pacto desde a fundação em 1991, defendem que a experiência é única e dizem que a intenção do livro é levar para outros locais interessados em gestão compartilhada.
“Esses elementos colocados em prática, criam um instrumento para produzir um tipo de desenvolvimento includente, integrado e sustentável” diz João de Paula Monteiro. Para que a alquimia desses elementos não resulte em ouro de tolo, eles devem fomentar a cultura da participação cidadã. “A mudança da cultura de participação é a principal contribuição do Pacto”, diz Flávio Paiva.
Quem for ao livro procurando um texto mais técnico sobre gestão vai se decepcionar. Casado com um projeto gráfico leve, o texto é repleto de imagens e metáforas para discutir conceitualmente as práticas e vantagens de uma gestão cooperativa (com a participação autônoma de representantes), plural (com o envolvimento de setores diversos), informal (um espaço para uma discussão franca e desburocratizada), virtual (abrindo espaços para mudanças e potencialidades) e com força catalisadora.
Não cabe na proposta do livro, segundo os autores, falar da eficiência do Pacto nem de suas ações práticas. “O Pacto não faz, o Pacto catalisa”, descrevem os autores no livro, e portanto, não seria fácil medir seus resultados. No entanto, no último capítulo do livro, Rede de Cidadania, o estilo volta a ser o mais corrente, com a citação de exemplos e resultados da ação do Pacto em nove anos. Para Paiva e Monteiro, isso não é uma dissonância com a proposta inicial de não medir produtos ou resultados, o recurso foi utilizado pensando em tornar a discussão mais paupável. “Queríamos descrever o processo, a ação dos cinco elementos em um exemplo prático”, explica Paiva.
João Monteiro, acredita que o Pacto de Cooperação não é mais só um pacto de elite, como no início da década, quando nasceu da ligação entre o governo estadual e o setor empresarial. “Hoje temos o Pacto como um mosaico maior de participação das elites, dos mais variados setores”, diz.