Diário do Nordeste, 22/02/2010

Empresário José Macêdo lança hoje, na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi, “Parece que foi amanhã” 

parecequefoi_dn_facsimile

FAC-SÍMILE


Um conjunto de depoimentos, organizado pelo jornalista Flávio Paiva e pelo consultor João de Paula Monteiro, constitui “Parece que foi Amanhã – as ideias que levaram ao futuro o empresário, patriarca e cidadão José Macêdo”, livro de memórias em primeira pessoa que será lançado hoje à noite, na livraria Saraiva do Shopping Iguatemi. O autor será apresentado por um de seus filhos, o empresário Roberto Macêdo. Trazendo considerações de diferentes aspectos de sua trajetória, a obra ressalta a visão empreendedora e social do industrial cearense.

Mais do que um compêndio de sua extensa e diversificada trajetória empresarial, já descrita em detalhes pelo jornalista Glauco Carneiro em “J. Macêdo – uma saga empresarial brasileira” (Edicom, 1989), este novo título prima pela informalidade que permite reunir depoimentos autobiográficos do empresário em torno de vários momentos de sua vida, não apenas profissional. Recorrendo exclusivamente a entrevistas publicadas em veículos locais e nacionais, inclusive com referências aos textos de apresentação que as antecedem, a obra se vale ainda de um rico acervo de imagens, além de um projeto gráfico moderno, que possibilita destacar alguns de seus pontos de vista.

Claro que os comentários sobre as atividades comerciais estão também ressaltados aqui, algo mais do que natural para quem desde muito jovem aprendeu a reconhecer a importância do trabalho para a formação do caráter e da família. Isto ainda em Camocim, onde José Macêdo nasceu, em 1919. Ao mudar-se com os pais para Fortaleza, com 12 anos, houve não apenas a continuidade dos estudos, mas também a da vocação comercial. Com as influências do pai, o comerciante piauiense Manoel Macêdo, no Hotel Moreira; do irmão mais velho e “segundo pai, na parte cultural”, Antônio Macêdo, e ainda do tio padrinho José Torquato, que lhe estimulou ainda mais o tino comercial, José Macêdo uniu-se em sociedade ao cunhado Carlindo Cruz para dar início à formação de um dos maiores conglomerados industriais do País.

Dinamismo 
“A minha vocação de empreendedor vem desde menino. Uma parte eu atribuo à minha natureza e a outra, entendo que tenha sido fruto do jeito como o meu pai me educou”, declarou certa vez. Ao unir-se a Carlindo, José Macêdo logo estaria trazendo para Fortaleza, após uma viagem aos Estados Unidos, uma representação da Willys Overland, que trouxe para a capital cearense o Jeep, mundialmente conhecido após a Segunda Guerra. “A importação de Jeep foi o primeiro grande negócio da J. Macêdo, foi como ganhamos o primeiro milhão de dólares e tivemos fôlego para podermos entrar no negócio do trigo, que até então inexistia no Ceará”, conta.

A diversificação dos negócios foi sempre uma marca da atuação do empresário, atualmente presidente do Conselho da J. Macêdo, que segue gerenciada pelos filhos Amarílio e Roberto Macêdo. “Naquele tempo a diversificação era a forma que achávamos mais adequada para promover o crescimento dos negócios. A necessidade de focar em algumas poucas áreas veio bem depois. Se não tivéssemos sido audaciosos, não teríamos saído do lugar. A lição é que vale a pena ousar”, ensina.

O dinamismo se estende a outros aspectos empresariais, como o uso da motivação ética entre os funcionários. Em muitos casos, a partir de seus recorrentes “ditos”, provenientes da visão de mundo do próprio José Macêdo. “Numa empresa, todos são vendedores. E nada é mais importante para um vendedor do que honrar o que prometeu ao cliente”, costuma dizer. E ainda: “Mais importante do que eu digo é o que você entende”, ou ainda, “me diga agora o que você entendeu do que eu lhe disse”.

“Parece que foi amanhã” traz ainda capítulos em que José Macêdo apresenta seus valores morais, éticos, sua visão de mundo em relação ao futuro; sua relação com a família (desde o casamento com Dona Maria, de 1942 a 2006, quando de seu falecimento, ao convívio com seus 25 bisnetos), sua admiração por “pessoas modestas como a escritora Rachel de Queiroz” e ainda sua passagem pela política (chegou a ser deputado federal e senador) e sua visão sobre o tema. No último capítulo, há comentários sobre seus hábitos cotidianos, inclusive em sua fazenda em Quixeramobim. Hábitos como os exercícios físicos e uma maior assiduidade aos livros, antes não permitida por uma trajetória reconhecida por comendas como o Troféu Sereia de Ouro e títulos como o de Empresário do Ano, pela Confederação Nacional da Indústria. Além da obra, a história do empresário poderá ser melhor conhecida, em breve, com a inauguração do Centro de Memória Dinâmica Monteiro Lobato.

Memórias 
Parece que foi amanhã José Macêdo 
Omni Editora 
2010 
144 páginas

Lançamento às 19 horas, na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi. Apresentação do empresário Roberto Macêdo