Jornal O Povo, 31/10/2007

Fundada em 2003, em São Luiz do Paraitinga (SP), a Sociedade de Observadores de Saci (Sosaci) foi criada para fortalecer o mito mais conhecido no país. No manifesto da Sosaci, em tom irreverente, lê-se: “O Saci é reconhecido como uma força da resistência cultural a essa invasão. Na figura simpática e travessa do insigne perneta, esbarram hoje, impotentes, os x-men, os pokemon, os raloins e os jogos de guerra, como esbarravam ontem patos assexuados e ratos com orelhas de canguru”. 

Nesses quatro anos de existência, a causa foi ganhando visibilidade. O Dia do Saci, uma das iniciativas da Sosaci, já foi instituído em várias cidades e espera aprovação de um projeto de lei federal para ser oficializado em todo território nacional. 
Para Vladimir Sacchetta, um dos fundadores da Sosaci, o Saci “é um mito libertário. Ele carrega a agilidade dos negros que jogavam capoeira para enfrentar os capitães do mato, ao mesmo tempo ele faz isso como um travesso. Ele é um mito muito simpático, faz travessura, não maldade”. O negrinho de uma perna só ganhou até uma ciência: a saciologia. Os estudos sobre o mito espalham-se pelas mais variadas áreas do conhecimento e, segundo Vladimir, ganhou inclusive estudo recente sob a temática da psicologia de Carl Jung. 
Para além dos estudos acadêmicos, “acreditar em Saci é ter a imaginação aberta, porque quem acredita em Saci é capaz de se encantar em um mundo tão conturbado”, diz Vladimir. “A gente quer Saci pulando na Praça Vermelha, no Central Park. A gente não quer ficar consumindo apenas bruxas, pokemons e halloween. Quem acredita em Saci acredita na sua própria identidade”. 
E-mais 
No site da Sosaci ( www.sosaci.og ) é possível ler estudos, relatos e encontrar outros sites sobre o mito.