Diário do Nordeste – Caderno 3 – Fortaleza, 23 de maio de 1998

Show no Parque do Cocó festeja dois anos do super-herói cearense


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Mino e Capitão Rapadura: dois anos de parceria

Um super herói genuinamente cearense daria certo? Um herói baixinho, metido em uma capa e com um chapéu de couro na cabeça dá ibope? E se ele ao invés de combater vilões superpoderosos fosse atrás de políticos corruptos e fizesse crítica social ao invés de discursos ufanistas, teria sucesso ou mesmo credibilidade? A julgar peço sucesso do Capitão Rapadura — personagem criado pelo chargista Mino — todas estas indagações seriam positivas. Das tirinhas publicadas de maneira esparsa em várias publicações o Capitão ganhou uma revista própria em 96, que teve sua linha editorial reformulada no ano passado e que agora completa dois anos com muitas aventuras, humor e crítica social. “O Capitão Rapadura é um personagem pedagógico e suas histórias vasculham a História do Ceará”, conta Mino.

Para as comemorações dos dois anos da revista, Mino e sua equipe estão promovendo um grande show hoje, a partir das 20h no Parque do Cocó. O evento reúne quatro das melhores expressões da música contemporânea cearense, as cantoras Karine Alexandrino, Mona Gadelha, Válerie Mesquita e Kátia Freitas. “Elas são a maior expressão atual da nossa música e as que tem mais afinidade e uma identificação pop com a revista”, elogia o chargista. O show de logo mais pode ser visto também como um panorama da produção musical do Estado. Serve também para mostrar que aqui se pode fazer uma boa música pop, independente de regionalismos ou do predomínio dos forrós, pagodes e baianices que impreguinam as rádios jabaseiras.

A primeira a se apresentar é a cantora e jornalista — atualmente bem mais cantora — Mona Gadelha. Morando em São Paulo , Mona tem dedicado seu tempo a fazer shows e promover seu primeiro CD pelo Brasil afora.

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Entre um intervalo e outro de suas apresentações, a cantora segue com o trabalho de elaboração de um catálogo de discos independentes produzidos no Brasil. Enquanto seu disco de estréia consegue uma boa receptividade tanto de público quanto da crítica, ela divide seu tempo na produção de um novo CD previsto para o próximo ano e sua página na Internet (http://www.culturalnet.com/musica/monagadelha). No dia 7 de junho Mona Gadelha se apresenta no Madalena Jazz & Blues em São Paulo.

A segunda a subir ao palco hoje é a cantora Válerie Mesquita, que, por estar em estúdio gravando seu primeiro CD, não pode comparecer a coletiva organizada pela produção na quarta-feira no escritório do Mino. Já a terceira atração do show, Karine Alexandrino, não só compareceu, como “roubou” a cena e arrancou risos dos presentes com algumas colocações engraçadíssimas. Vocalista e principal performance da Intocáveis Putz Band, — grupo surgido nos meados dos anos 90 e que mistura música pop, non sense com doses de teatro — Karine Alexandrino se apresenta no próximo dia 29 no Theatro José de Alencar, dentro do projeto Bec Seis e Meia.

Apesar de atuar hoje sem seus parceiros intocáveis, Karine leva ao palco algumas canções da banda e como ela mesmo define, “algo dançante”. Algo este que deve incluir “I will survive”, o clássico da disco dos anos 70 e um dos pontos altos dos shows que ela e sua trupe costumam fazer pela cidade.

Com os Intocáveis, a cantora está enfiada no estúdio para a gravação do primeiro CD que deve incluir as canções que ficaram conhecidas do público, como uma nova versão para o clássico “Manifesto Neo Machista” e um remix de “Eu quero uma mulher”. Paralelo a isto, Karine prepara também seu disco solo, ou como ela afirma, “subsolo”. O disco segundo ela terá algumas levadas dançantes, jazz e uma versão para “Lumina” de Joan Osbourne numa parceria entre Karine e o compositor Flávio Paiva.

E quem fecha o show de logo mais é a cantora Kátia Freitas. Sua apresentação incluirá canções de seu primeiro disco como “Coca Cola e Iguarias” — Que é também o seu segundo clip recém concluído — e algumas canções de Caetano Veloso. (…)