O Povo, Informática, 08/05/2000

micro

Quando o computador chegou a sua vida, Flávio Paiva não fez muita festa. “Não tive nenhum deslumbre especial. Também nunca tive uma sensação de estar usando algo esquisito”, diz ele. “Na época, eu já estava saindo da máquina de escrever normal, passando para a máquina eletrônica, aquelas IBM, que também têm uns comandos”.

“No início, eu tive um computador na empresa. Da mesma forma, a Internet chegou primeiro no trabalho e depois coloquei na minha casa”. Segundo Paiva, também a Grande Rede não conseguiu tirá-lo do sério. O jornalista e produtor cultural continua assinante dos principais jornais, apesar de também verificar notícias na Internet. “Ainda estou numa fase de transição, que pode não ser”.

“Uso correio eletrônico, mas continuo a fazer minhas cartas a mão. Gasto de correio mais de R$ 100,00 por mês”, diz ele. “Intensifiquei profundamente a correspondência com o correio eletrônico, que se abre na hora que pode, é mais rápido. Mas gosto de mandar recorte que achei a cara de alguém, essas coisas. Para escanear e mandar por e-mail, não tem o mesmo valor tátil”, argumenta.

Mesmo com as limitações, Flávio sente-se muito beneficiado pelo micro e pela Rede. “O que me enche o saco é a quantidade de malas. As mais variadas malas diretas e também os chatos que te mandam dez e-mails na semana dizendo a mesma coisa. Alguns eu elimino na caixa de entrada. Já pedi que se deletem automaticamente”, diz.

Em compensação, a experiência de ter seu e-mail publicado no rodapé de seus artigos semanais é uma das coisas mais gratificantes que lhe trouxe o computador aliado à Internet.

“Além de não precisar mais mandar um motoqueiro com um disquete para o jornal, eles têm me possibilitado uma interação direta com quem é tocado por aquele assunto. Quando eu trabalhava na redação, a gente recebia uma carta aqui e ali. No e-mail, as pessoas parecem que escrevem com mais facilidade. Entendo tudo como um zelo, em sinto como sendo cuidado por essas pessoas. E quem não gosta de cafuné?”.