Diário do Nordeste – Caderno 3, 09/11/2008
Santo de casa também faz milagre na Bienal do Livro. O time cearense convidado para a feira deste ano reúne importantes escritores do cenário nacional
Alguns lançam livro na Bienal. Outros fazem palestras, compõem mesas de debate ou só conversam com o público. E tem aqueles que fazem tudo isso na feira. A escritora Ana Miranda talvez seja o principal nome da terra na Bienal do Ceará ou, pelo menos, a escritora mais premiada. É autora de obras como o romance “Boca do Inferno” (1989, Jabuti Revelação, traduzido para vários países); “A última Quimera” (1995, prêmio Biblioteca Nacional); e “Dias & Dias” (2002, Jabuti e prêmio Academia Brasileira de Letras, ambos em 2003).
A sobralense Isabel Lustosa, hoje radicada no Rio de Janeiro, também desembarca na Bienal com um currículo de peso. Mas, no lugar de romances, ela percorre a história brasileira. Lustosa iniciou sua produção como historiadora com o livro “Histórias de Presidentes – a República no Catete” (Vozes, 1989). Depois vieram, entre outros, “Brasil pelo método confuso – humor e boemia em Mendes Fradique” (Bertrand Brasil, 1993), “Insultos impressos – a guerra dos jornalistas na independência” (Cia das Letras, 2000), o “Nascimento da Imprensa Brasileira” (Jorge Zahar, 2001) e “Lapa do desterro e do desvario: uma antologia” (Casa da Palavra, 2000). Seus últimos livros são a biografia de D. Pedro I, publicada em 2006, na coleção Perfis Brasileiros, da Cia das Letras; e “História do Brasil explicada aos meus filhos” (Agir, 2007).
Outro cearense convidado para a Bienal, o poeta e ensaísta Adriano Spíndola, também assina obras importantes. Ele publicou “Em trânsito: Táxi/Metrô” (1996), “Beira-Sol” (97), “Fala Favela” (2ª edição, 98), “O lote Clandestino” (2ª edição, 2002), “Praia Provisória” (2006) e “As artes de enganar: um estudo das máscaras poéticas e biográficas de Gregório de Mattos“ (2000), todos pela Topbooks. Seu livro mais recente, o estudo crítico “Os melhores poemas de Sousândrade”, foi lançado este ano, pela Editora Globo.
Biografia
Lira Neto, cearense radicado em São Paulo, volta à Bienal respaldado pelo prêmio Jabuti de Literatura 2007, na categoria biografia, com “O inimigo do Rei: uma biografia de José de Alencar”. E pelo sucesso de “Maysa: só numa multidão de amores” (Globo, 2007). Lira é ainda autor de “Castello: a marcha para a ditadura” (Contexto, 2004), “A Herança de Sísifo: da arte de carregar pedras como ombudsman na imprensa” (EDR, 2000) e “O Poder e a Peste: a vida de Rodolfo Teófilo” (EDR, 1999). Dois dos escritores cearenses convidados para a Bienal, Horácio Dídimo e Flávio Paiva, destacam-se no universo infantil. O primeiro é autor de “A nave de Prata”, “A Estrela Azul e o Almofariz”, “A Nave de Rubi”, “O Passarinho Carrancudo”, “Historinhas do Mestre Jabuti”, “As Reinações do Rei”, “Historinhas Cascudas” e “A Escola dos Bichos”. O interesse pelo público infantil ainda aparece em “Ficções Lobatianas: Dona Aranha e as seis aranhinhas no Sítio do Picapau Amarelo”, que é a tese de doutorado do autor.
Já Flávio Paiva, colunista semanal do Diário do Nordeste, tem, entre suas obras, “Flor de Maravilha – 20 Histórias e 20 Músicas”, com interpretação de Olga Ribeiro e ilustrações de Dim e Nice Firmeza. A lista é mais extensa e reúne livros como “Benedito Bacurau – o pássaro que não nasceu de um ovo”, com narração e ilustrações musicais feitas por Antônio Nóbrega, aquarelas de Estrigas e prefácio de Rubem Alves. Outra obra de destaque é “Titico achou um anzol – aventuras com aves e animais da caatinga”, ilustrada por Valber Benevides. Todos os livros são editados pela Cortez Editora.
O time de cearenses convidados para a Bienal reúne outros escritores. Entre eles, Gonçalo Mourão, que publicou os livros de poesia “Limites de Ausência”, “Voando como Abismos” e “Alguns outros poemas”, além dos ensaios “A Revolução de 1817 e a História do Brasil” e “A Vertiginosa Espiral de Racionalidade – O Barão do Rio Branco e a Questão do Amapá”; e Tércia Montenegro, que tem muitos livros de contos publicados, obras como “O Vendedor de Judas” (Edições UFC, 1998), ganhador do Prêmio Funarte.