Amigos expressam carinho
Jornal Diário do Nordeste – Caderno 3, 24/10/2014
Foto: Lucas de Menezes
Nice Firmeza (1921-2013) e Nilo de Brito Firmeza (1919-2014), o Estrigas, são protagonistas da história das artes plásticas do Ceará
A exposição “NicEstrigas”, realizada em setembro do ano passado, no Centro Dragão do Mar e Cultura (CDMAC) foi essencial para a concretização do trabalho, marcado pelo afeto, destaca o curador.
A ideia central da obra, que teve uma tiragem limitada, é justamente mostrar que eles “não separavam a vida da arte. Era algo em comum”, revela Fonteles, que conseguiu passar esse conceito, conforme projeto gráfico e edição.
Textos poéticos escritos pelos jornalistas e escritores Gilmar de Carvalho e Flávio Paiva, outros “filhos” de Nice e Estrigas, se misturam de forma harmoniosa, tentando reproduzir a história de vida dos artistas, dividiram mais de seis décadas os sonhos e os afetos. Mas sem perder de vista a arte, um dos principais legados deixados pelo casal, que se conheceu na extinta Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap), fundada em 1941, pelos artistas Antônio Bandeira, Raimundo Cela e Aldemir Martins.
Modernismo
Considerado um dos principais protagonistas do modernismo cearense, seu nome aparece na literatura sobre as artes visuais brasileiras, sobretudo quando o destaque é a expansão da escola moderna, ou seja, quando sai do eixo Sudeste, ganhando espaço em outras regiões.
Na Scap, nos anos 1950, o jovem iniciou seus estudos, conhecendo o seu eterno amor. Além de pintor, Estrigas contribuiu para a construção da memória da arte cearense, escrevendo mais de 20 livros, levando o seu nome também para a crítica de arte.
Todas as nuances artísticas do casal estão presentes no livro. A pintura, os bordados, os doces e o amor pelas flores são algumas características de Nice, uma das primeiras mulheres a ingressar na Scap, entidade que revolucionou as artes cearenses.
Dedicou parte de sua vida à arte educação, formando professores e passando seus conhecimentos às crianças.
Opção de vida
A intenção de Fonteles é divulgar o livro fora do Ceará, a fim de que a arte de Estrigas e Nice rompam fronteiras. Apesar de o nome do artista aparecer em livros de arte nacional, sua obra é desconhecida em outras partes do País, informa.
“Eles ficaram fechados talvez por opção de vida”, comenta, atribuindo à dedicação com o Mini Museu Firmeza, projeta o nome do bairro Mondubim no circuito das artes de Fortaleza. O alvo principal do acervo eram as crianças de escolas públicas do bairro que tinham na “tia Nice” a primeira pessoa a falar sobre arte.
Embora a casa-museu abrigasse discussões com intelectuais e artistas. O curador volta o olhar para a pintura de Nice. “Sua arte é muito interessante e altamente sofisticada, analisa, chamando a atenção para a “pintura bordada”.
O contato com as crianças refletiu na produção da artista, juntando-se a sua pureza original e influenciando na sua experiência artística.
A pintura de Estrigas é singular e demonstra a sua relação com modernismo, servindo para gerar um pensamento crítico.
Sobre a escolha dos convidados, considera fundamental a participação do pesquisador e professor Gilmar de Carvalho, justificando ter acompanhado durante muito tempo a vida do casal.
Da mesma forma pensa sobre a participação do jornalista e escritor Flávio Paiva, sempre presente aos saraus, nas tardes de domingos. (IS)
Fonte: Diário do Nordeste