FORMOSURA – Mamulengando a vida
Artigo publicado na RIVISTA do MINO nº 160 (Editora Riso), pág. 20
Edição de julho de 2015 – Fortaleza, Ceará, Brasil

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FAC-SÍMILE

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Tenho uma admiração especial pelos artistas que produzem na marra, aqueles que, mesmo diante das dificuldades de atuar entre o drama da homogeneização e a comédia bufa dos grupos de proteção da vassalagem cultural, não têm preguiça de ser o que são, de defender o que defendem, de existir.

Vibro com atitudes como a do grupo de teatro Formosura que vem há uma década mamulengando entre a indiferença e o riso para manter sua sede no popular e populoso bairro da Serrinha, fora dos pontos de concentração do poder de controle da ação cultural em Fortaleza.

Especializada em teatro de bonecos, a trupe, que realiza oficinas de formação nessa área e oferece aulas de capoeira à comunidade, está perigando de não poder mais manter a casa alugada, por conta da descontinuidade dos projetos de manutenção das suas atividades.

A disposição é de não cair, mas se cair, a companhia dirigida pela atriz Graça Freitas vai cair atirando. Partiu para cima da crise, inicialmente vendendo a própria carroça-palco e, com o recurso, bancar o lançamento de uma campanha para arrecadar dinheiro e pagar as dívidas.

O primeiro ato foi a montagem do espetáculo Pro-Formosura, com apresentação no Theatro José de Alencar (05/06/2015) da peça Dom Quixote, evento que contou com a participação solidária do músico e ator Gustavo Portela, com seu show cênico-musical Le Son Sur Scène, que conta com a atuação da atriz Maria Vitória, integrante do Formosura.

A propósito, uma das características do Formosura é contar com a cooperação de outros artistas e grupos em seus Encontros com o Casimiro, na sede da Serrinha, ou na produção de espetáculos. Nesse diálogo entre atores, bonecos e a comunidade estão nomes como o da educadora e compositora Ângela Linhares e do ator-bonequeiro Omar Rocha (Circo Tupiniquim).

Fundado há 30 anos, a partir do Grupo Independente de Teatro Amador (GRITA), o grupo Formosura desenvolve um trabalho de pensar e encenar a arte brincante, com irreverência, humor e integração comunitária. Entre os espetáculos do Formosura está o Boi Estrela, adaptado do boi-bumbá; o Pavão Mysteriozo, baseado na obra do cordelista José Camelo de Melo Rezende; e Heróis de Papelão, inspirado em uma exposição etnográfica do artista plástico Descartes Gadelha sobre a saga dos catadores de lixo.

As contribuições para a manutenção do Formosura podem ser feitas por meio da seguinte conta bancária:

Grupo Formosura de Teatro
CNPJ 01.592.546/0001-41
Banco do Brasil
Conta Corrente 24.747-2
Agência 3296-4

Práticas culturais em bairros, onde a vida da maioria das pessoas acontece, são maneiras concretas de promover potencialidades. Pensando bem, parte significativa das comunidades consideradas pobres são, muitas vezes, ricas em saberes e formas de relacionamento. E a atuação do grupo Formosura, com o recurso da linguagem do boneco e do ator, é de grande valor para o desenvolvimento social e cultural integrado.