Fiquei surpreso quando, na condição de pais do Lucas, recebemos o convite do diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, professor José Roberto Castilho Piqueira, para uma reunião de Pais e Responsáveis de Alunos Ingressantes. Nunca imaginei que, mesmo sendo a maior e mais destacada universidade do País, a USP tivesse esse grau de excelência voltado à importância dos laços familiares.

Andréa e eu fizemos questão de estar presentes nesse encontro (5/3/2017), no qual o diretor da Poli, juntamente com a vice-diretora, professora Liedi Legi Bariani Bernucci, o coordenador do ciclo básico, professor Augusto Camara Neiva, o presidente do Fundo Patrimonial Amigos da Poli, Lucas Sancassani, e o representante da Associação dos Engenheiros Politécnicos (AEP), Gustavo Anzai nos apresentaram a Escola e a Universidade.

Para um auditório com cerca de oitocentos pais, familiares e responsáveis, o prof. Piqueira falou de engenharia, da iniciação científica, da carreira de engenheiro e da prioridade da Poli na formação de profissionais criativos, éticos, técnicos, conscientes do ambiente em que vivem e comprometidos com o desenvolvimento responsável. Explicou que, para isso, a Escola dispõe de 15 Departamentos, 103 laboratórios de pesquisa, bibliotecas com 590 mil documentos, 17 cursos de graduação, 11 mestrados (sendo 1 profissionalizante), 9 doutorados e cerca de 450 docentes. Fora as disciplinas optativas livres, cujos módulos podem ser cursados em qualquer departamento.

O diretor menciona a importância dos pais e responsáveis na preparação do aluno e propõe uma parceria das famílias dos novos alunos no acompanhamento do processo formativo, sobretudo nos momentos iniciais quando muitos estudantes tendem a ficar desmotivados em decorrência do choque entre a realidade do ensino médio e a da universidade. Piqueira lembra que os estudantes que ingressam na Poli costumavam tirar acima de nove nas provas e às vezes têm dificuldade de lidar com situações em que ficam abaixo de quatro, o que leva alguns a apelarem para álcool e drogas ou entrar em depressão.

Adianta, porém, que nessa parceria não vale os pais pedirem para ver as notas dos filhos, por exemplo, já que o aluno da Poli é jovem adulto, responsável por suas ações, inclusive as relacionadas aos eventos autônomos de grêmios, centros acadêmicos e desportivos, que ocorrem em um agradável campus urbano por onde circulam pessoas que não são da universidade. Afinal, a vida na Poli não é só estudar. Claro, é necessário estudar constantemente, com método, mas é possível fazer estágios, iniciação científica, monitorias, artes, esportes, política estudantil e integrar grupos de desafios tecnológicos e tecno-sociais.

Como universidade pública, financiada com recursos do contribuinte, a USP, ressalta o diretor, tem valores republicanos e chama para si a responsabilidade de contribuir para a superação dos desafios do século XXI, dentre os quais a construção de um ciberespaço seguro, a segurança hídrica, a viabilidade econômica das energias renováveis, a restauração e melhoria da infraestrutura urbana e o desenvolvimento de métodos de sequestro de carbono.

A insuficiência de engenheiros no Brasil é um dos fatores do baixo desempenho do País em inovação. Apenas a título de ilustração, o Prof. Piqueira mostrou um quadro com a proporção de engenheiros por habitantes em alguns países: o Brasil tem 6, a China, 16, o Japão, 26, os Estados Unidos, 40, e a Coréia do Sul, 80. O panorama brasileiro é desfavorável, mas a expectativa é que, mais dia menos dia, o nosso País descubra a importância que tem para si e para o mundo.

Na primeira semana de aulas houve uma cuidadosa programação de acolhimento dos estreantes, com palestras e distribuição de guia de orientações. Além do acompanhamento não invasivo dos filhos, os pais podem participar apoiando o grupo de amigos da Poli, que administra um fundo patrimonial voltado ao desenvolvimento de projetos de estudantes, e as atividades da Associação dos Engenheiros Politécnicos, que dá suporte a estudantes de baixa renda. Há muito o que fazer; agora, reunião como essa inicial, só na colação de grau.