Com residência em Rio Preto há quase cinco anos, paulistano Edvaldo Santana celebra seus 65 anos com live nesta sexta-feira, 18
Rio Preto tornou-se a nova morada do cantor, compositor e músico paulistano Edvaldo Santana há cerca de cinco anos. “Nasci em São Miguel
Paulista [bairro da zona leste de São Paulo] e acabei vindo para Rio Preto por causa da minha esposa [Sueli Magro]. Boa parte da família dela
mora aqui. Até a pandemia da covid-19 chegar, eu cava entre Rio Preto e São Paulo”, conta o artista, que, nesta sexta, 18, celebra seus 65 com show online “Live Estrada 65”, viabilizado pelo auxílio emergencial da Lei Aldir Blanc.
Na apresentação virtual, ele repassa as quase cinco décadas de sua carreira musical, que é marcada por dez discos solos e inúmeras
parcerias com nomes referenciais da música e das artes brasileiras. Na live, ele também conta as histórias que marcam a amizade com
artistas como Itamar Assumpção, Tom Zé, Arnaldo Antunes, Paulo Leminski, Haroldo de Campos, entre tantos outros.
“Pretendo apresentar músicas de todos os meus álbuns solo, desde ‘Lobo Solitário’ [1993]”, sinaliza Santana, que também traz na bagagem
mais 20 discos gravados com parceiros e bandas as quais integrou, como a Matéria Prima, eternizada pelo clássico “Maria Gasolina”.
Com um novo registro de estúdio para ser lançado em 2021, Santana dedicou-se à produção de músicas durante o período de distanciamento
social imposto pelo novo coronavírus. Dois singles foram lançados na pandemia: “Voo Iluminado”, com arranjos de Luiz Waack, que também
toca guitarra portuguesa e violão, além da participação dos músicos Rafael Schimidt Ribeiro (violão de sete cordas) e Cassia Maria
(percussão); e “Toque de Avançar”, parceria com o artista cearense Flávio Paiva.
“Essa pandemia é algo inédito na vida de todo mundo. Perdemos amigos e ainda estamos perdendo muita gente querida. Precisamos tomar
cuidado até essa vacina chegar”, diz ele, que teve a oportunidade de realizar vários shows virtuais durante esse período. Um deles foi para o
projeto #EmCasaComSesc e outro para a Fundação Cultural Carlos Drumond de Andrade (Minas Gerais).
“As lives não estavam nos meus planos, mas a família começou a fazer pressão, dizendo que eu precisava me reinventar. Deu um baita
resultado, pois consegui envolver um público que dicilmente conseguiria me assistir em um show presencial”, conta.
Nova MPB
Integrante de um dos mais genuínos movimentos da música brasileira, a Vanguarda Paulistana (1979-1985), Santana mantém seus ouvidos
ligados nas novas gerações, que, apesar da internet, não têm a oportunidade de colocar seu trabalho na grande mídia. “Lembro que na minha
adolescência a rádio e a televisão eram meios de comunicação mais livres e democráticos, permitindo que o público tivesse contato com
uma diversidade de artistas e estilos musicais. Isso não acontece mais hoje, com os veículos de comunicação apostando em gêneros quer
dão mais lucro”, analisa.
Segundo ele, a música foi segmentada pela mídia. “A internet é uma ferramenta bacana, que ajuda o artista divulgar seu trabalho. Mas ela
também possibilita muita coisa ruim. Se antes eu ligava o rádio ou a televisão e podia ver uma festival de música popular, uma apresentação
do Caetano Veloso, do Belchior, entre outros artistas, hoje estamos fadados a dois ou três gêneros musicais”, reforça.