Por Grazielly Barroso
O escritor e jornalista cearense Flávio Paiva lançará seu livro “Asfixia” neste sábado (27), na Casa Bendita, em Fortaleza. A publicação dá a pista sobre a narrativa, que se passa em meio ao fenômeno da pandemia do Covid-19, que marcou o mundo nos últimos dois anos e no Brasil fez mais de 600 mil mortos.
Quando a pandemia da Covid-19 estava em sua primeira onda, os idosos foram alertados de serem os alvos mais propícios ao vírus. Essa distinção foi entendida por muitos dos idosos como uma sentença. O conto Asfixia narra como duas pessoas resolveram montar estratégias próprias perante os imperativos dessa previsão.
Sentindo-se ameaçadas e sozinhas em suas aflições, partem para o enfrentamento dos efeitos decorrentes do isolamento social físico e para transgressões às recomendações preventivas na contenção aos avanços do vírus.
O lançamento do livro Asfixia, com apenas 500 exemplares numerados, simboliza o momento em que todos recomeçam a usufruir mais seguramente dos espaços de convivência social e cultural. A publicação conta com apoio da Casa Bendita e projeto gráfico assinado por Geraldo Jesuíno.
Sobre a obra
A motivação do autor Flávio Paiva de escrever o conto foi o alarde inicial da pandemia do novo coronavírus quanto ao alvo mais fácil de ser contaminado pelo vírus. ”Logo no início da pandemia, houve toda uma celeuma de que o alvo principal do vírus era a pessoa com idade avançada; que quem era jovem não seria afetado. Isso aumentou o temor entre idosas e idosos, o que me instigou a escrever o conto “Asfixia” tendo como protagonistas duas dessas pessoas”, fala o escritor.
Outro motivador apontado para a escrita da obra foi, conforme Flávio, por “Estarmos em uma época de transição civilizatória, um tempo em que a humanidade precisa decidir se quer continuar participando ou não da natureza. Acredito que a arte e a literatura têm muito o que contribuir na nossa preparação para essa decisão”.
Quanto ao prólogo do livro, o autor caracteriza os dois primeiros anos da pandemia como “desafiadores”. Porém, acredita na valorização do outro como ideia de sociedade.
Ao ser questionado sobre isso, Flávio Paiva diz: “Essa realidade tem uma dolorosa face concreta muito forte por abranger aspectos bem complexos da sobrevivência e da morte, no momento em que o país se encontra à deriva da política e as relações sociais em elevado grau de intolerância. Mesmo assim, tivemos efetivos exemplos de solidariedade, sobretudo no campo da saúde, o que autoriza a nossa esperança a não morrer com a doença. Convém lembrar que a inteligência coletiva da sociedade brasileira, acossada pela estupidez negacionista, não deixou de buscar a imunização pela vacina”, explica.
No final do livro, a leitora e o leitor poderá encontrar a partitura e informações sobre a música-tema e uma reflexão sobre o livro. O jornalista explica como se deu a ideia da composição destes textos.
“É comum na minha produção literária o surgimento de música-tema. São vários os livros, adultos e infantis, que já publiquei com esse tipo de combinação de linguagens: “Toque de Avançar”, “Código Aberto”, “Bulbrax”, “Invocado”, “Flor de Maravilha”, “Se você fosse um saci” e “A casa do meu melhor amigo” são alguns desses livros com músicas integradas à narrativa. Com “Asfixia” não foi diferente. Quanto ao póslogo, como a música foi disponibilizada nas plataformas de streaming antes do conto, escrevi essa reflexão também antes, como um guia da que seria a obra”, fala Flávio.