Desde 2014, quando lançamos o livro-cd “Invocado – um jeito brasileiro de ser musical” (Armazém da Cultura), com ilustrações musicais interpretadas pela Dona Zefinha, que a banda de Itapipoca apresenta espetáculos nos quais faz homenagem especial a Evaldo Gouveia, em cena que remete o clássico Alguém me Disse às ondas do rádio.
Dos artistas cearenses em atuação, aos 88 anos, ele é o mais importante no meio musical. Segue contemporâneo, mesmo vindo da primeira metade do século XX, quando os grupos vocais cearenses dominaram a cena da música brasileira, com destaque para o Trio Nagô, de Evaldo Gouveia, o Vocalistas Tropicais e o 4 Ases e 1 Coringa.
Os outros dois grupos que fechavam o círculo dos cinco de maior sucesso no país eram o Bando da Lua (carioca, que tinha três irmãos cearenses, da família Osório, em sua formação) e o Trio Irakitan (potiguar, sendo um dos seus três integrantes o cearense Tony).
Em parceria com o compositor espírito-santense Jair Amorim, compôs, em variados estilos, obras que seguem atuais pela força reveladora que trazem dos sentimentos humanos. Quem nunca cantarolou “Encontrei hoje cedo no meu barracão / Minha roupa de conde no chão / Fantasia de plumas azuis a rolar” (O Conde), ou “Hoje, alguém pôs a rodar / Um disco de Gardel / No apartamento junto ao meu” (Tango para Tereza)?
Quem nunca ouviu “Angústia / solidão, um triste adeus / em cada mão / lá vai, meu bloco, vai / só desse jeito / é que ele sai” (Bloco da Solidão) ou “Sentimental eu sou / Eu sou demais / Eu sei que sou assim / Porque assim ela me faz” (Sentimental Demais)?
Onde poderia estar alguém que não conhece “Sonhei que eu era um dia um trovador / Dos velhos tempos que não voltam mais” (O Trovador) ou “Lá vem Portela / Com Pixinguinha em seu altar / E altar de escola é o samba Que a gente faz / E na rua vem cantar” (O Mundo Melhor de Pixiguinha)?
Que versos seriam mais atuais do que “Que queres tu de mim / Que fazes junto a mim / Se tudo está perdido amor” (Que queres tu de mim) ou “Tão bonita que ela é / Cabelos lisos como eu nunca vi (…) Um ar esnobe de quem nada quer / La vai ela e pensa que é mulher” (Garota Moderna)?
É com algumas surpresas desse repertório que, no próximo domingo (9), às 18 horas, no Cineteatro São Luiz, em Fortaleza, Evaldo Gouveia subirá ao palco para ser homenageado pelo projeto Invocado. Antes, porém, assistirá o número em que o grupo Dona Zefinha interpreta “Alguém me disse / Que tu andas novamente / De novo amor / Nova paixão toda contente” (Alguém me Disse).
Artistas com o perfil dos que ‘entram para jogar’ têm sido convidados a participar do Invocado que Só: Fanta Konatê, Messias Holanda, Luiz Fidelis, Abidoral Jamacaru, Karine Alexandrino, Suzana Salles, Gustavo Portela, André Magalhães, Neopineo, Di Freitas, Inês Mapurunga, Álcio Barroso, Zeca Filho e Gecilda Freire já estiveram nesse espetáculo.
Desta vez, mais do que uma participação especial, o invocado Evaldo Gouveia recebe a homenagem do projeto por sua obra e seu jeito determinado de atravessar décadas admirado, amado e amando o seu público. Desde quando, ainda menino, deixou Iguatu para ganhar Fortaleza, o Brasil e diversos países por onde cantou e morou, ele soube segurar uma carreira em meio às tentações da boemia e às tramas do universo musical. Invocadíssimo Evaldo Gouveia!!!