Jornal O IMPARCIAL – Impar – São Luís, 12/09/1997
A cantora maranhense faz única apresentação na boite somente com clássicos da MPB e MPM.
A cantora Maranhense Anna Torres mostra sua brasilidade urbana em show que faz hoje na boate seven days night. Dona de uma poderosa voz, Anna Torres está com um disco novo na praça, no qual interpreta composições do cearense Flávio Paiva. Junto com o Paulista Paulo Le Petit ela forma um time musical da pesada no CD Terra do Nunca.
O disco já mereceu um lançamento itinerante na terra natal do compositor, com direito ao requinte do teatro José de Alencar, e no ambiente bucólico e paradisíaco de Canoa Quebrada. Sempre trabalhando sua voz, Anna aproveita sua breve passagem por São Luís para fazer um show distante do disco, mas próximo do público. Com um projeto de um disco solo somente para o próximo ano, Anna Torres envereda pelos caminhos da composição. Tem coisas novas e pops, um ambiente que gosta muito de freqüentar, como “Degrau por Degrau” e outras coisas mais que foram apresentadas como bônus nos shows que realizou com Flávio Paiva no Ceará.
O encontro com Paiva se deu em 95, depois de uma eliminatória do festival Canta Nordeste. Através do compositor Josias Sobrinho, Anna manteve contato com Paiva e de cara já começaram a traçar umas partituras juntos. No ano passado começaram a realizar o projeto que somente foi concluído no primeiro semestre deste ano. Mas nada que tenha emperrado a inspiração que se expressa em Terra do Nunca.
Meio cética em relação a projetos de gravadoras que incluem muitos nomes regionais, Anna Torres corre atrás de um selo que trabalhe sua música junto ao grande público. Por enquanto se mantém independente. Assim é desde o primeiro CD lançado em 94. Foi nesse ano que ela conseguiu o prêmio de melhor intérprete do Canta Nordeste.
O timbre de Anna faz com que ela transmita em diferentes esferas. Já emprestou sua voz para muitos ritmos, como o próprio axé music. Durante o primeiro Marafolia pode se apresentar ao lado do trio elétrico Eva, da Bahia, muito a vontade por sinal. Estudante da Universidade Livre de Música, Anna tem uma musicalidade que define como pop-soul. Com o seu trabalho de voz vem construindo um sólido alicerce no cenário da música plural brasileira, como gosta de declarar com sua voz afinada.
A origem mestiça, como também gosta de destacar, é a mola mestra da carreira da cantora que já mereceu comentário na Revista Raça do Negro Barsileiro. Há um derramamento de elogios ao primeiro CD de Anna Torres. No chamado mano a mano, a cantora maranhense conseguiu colocar no mercado nada menos que 3.500 exemplares do disco que trazia como carro chefe a música “Essência do ser”.
Na trajetória música de Anna Torres não faltam episódios ilustres. Assim foi sua participação no show do lendário Sérgio Ricardo no Nigh Rios, como uma participação especialíssima e também no jingle da Shell para as olimpíadas de Atlanta.
Agora mesmo a cantora está aguardando o resultado da escolha do samba-enredo do carnaval de 98 que a Beija Flor de Nilópoles vai levar para o sambódromo. Foi com o amigo e admirador Billy branco que ela apresentou o samba enredo que exalta as qualidades ecológicas do Pará. A letra quilométrica não tirou o fôlego da maranhense na segunda eliminatória do concurso. Se tudo der certo ela será a pioneira em colocar a sua voz na passarela, um espaço dominado por homens. Mas ela não baixa a crista e aguarda com otimismo o resultado.
No show de hoje, acompanhada de Rodrigo Caracas (teclados), Carlão (bateria), Jair Torres (guitarra) e Neném (baixo), Anna faz uma viagem pelas músicas conhecidas da música popular brasileira, como releituras de Djavan, Carlinhos Browns, e coisas maranhenses como “Black Power”, da Banda Guetos.
SERVIÇO
Anna Torres – Show da cantora maranhense. Na Boate Seven Days Night (retorno da Cohama) hoje, a partir das 22 horas. Ingressos no local.