Casa-museu no Mondubim reúne mais de 700 obras
Jornal O POVO, Vida & Arte, 04/10/2014
FOTO: Edimar Soares
Estrigas e seu Minimuseu: obras de Aldemir Martins e Antônio Bandeira
Ao lado de Nice, Estrigas fez da própria casa, repleta de obras de arte e ladeada por um jardim exuberante, o Minimuseu Firmeza. Localizado no Mondubim, o espaço recebia gratuitamente visitas agendadas. O casal acolhia amigos e pessoas interessadas em artes, em momentos que se transformavam em conversas-aulas. “Ele (o sítio) tem essa energia de deixar a pessoa à vontade. O Estrigas acolhia os artistas todos no sítio e aquilo era uma escola’’, conta o artista plástico Mano Alencar. ‘’Eu sempre ia almoçar lá com a minha esposa e todos nós nos deitávamos embaixo das mangueiras e aquilo rolava a tarde toda de conversas’’ relata o escritor Flávio Paiva.
Fundado em 1969, o Minimuseu começou a ganhar forma já em 1961, ano em que Estrigas e Nice casaram-se e foram morar juntos no então distante Mondubim. As coleções pessoais da época de solteiro dos dois se somaram e ganharam outras obras doadas por artistas e amigos da Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap). “Metade da casa era para exposição e a outra metade, para morar’’, lembrou o artista em entrevista a O POVO, em 2008. ‘’Mesmo assim, essa parte de morar foi sofrendo uma ‘invasão’”.
Ao longo de 44 anos de coleção, que resultaram em mais de 700 obras, o Minimuseu traça uma verdadeira história das artes plásticas cearenses, desde a pré-história — com fotografias de pinturas rupestres — até a produção contemporânea. São obras de artistas como Antônio Bandeira, Descartes Gadelha, Aldemir Martins, Chico da Silva e Zenon Barreto, dentre tantos outros, incluindo também, obras de Nice e Estrigas. Completam o aspecto memorial do espaço, livros, jornais e catálogos.
Em 2013, após a morte de Nice, em decorrência de uma pneumonia, o museu também ganhou uma seção, cuidadosamente preparada por Estrigas, à memória da esposa. Intitulada ‘’Missa’’, o espaço passou a cultivar peças e retratos feitos por Nice, além de objetos pessoais dela.
No entanto, eram muitas as atribuições. O museu exigia muitos cuidados para um homem com mais de 90 anos. Guiado inclusive por orientações médicas, Estrigas cogitou passar o museu adiante. Não o fez. Levou até onde pode a administração do espaço, com ajuda de pessoas próximas e, no último ano, com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado. (Lucas Barbosa/ESPECIAL PARA O POVO)
Fonte: Jornal O POVO