Jornal O Povo, 01/11/2007

Chamada:
Crianças e adultos participaram das atividades do Dia do Saci na Biblioteca Pública Menezes Pimentel. A efeméride é uma forma de se contrapor ao Halloween

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Foto: Evilázio Bezerra

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Na Biblioteca Pública, alunos participaram das atividades que comemoraram o Dia do Saci (Foto: EVILÁZIO BEZERRA)

Ele amarra o rabo do cavalo, esconde objetos, assusta os bois no pasto, movimenta-se em redemoinhos, imita ruídos estranhos. Com tantas armações, bem que o autor destas brincadeiras poderia ser qualquer um de nós na infância. Mas nem precisou perguntar duas vezes às crianças que visitaram ontem a Biblioteca Pública Menezes Pimentel: “É o Saci!”, gritaram eufóricos. Elas participaram das atividades que comemoram a mais nova peripécia desse lendário personagem do folclore brasileiro: dia 31 de outubro é o Dia do Saci. 

Basta pensar no nome e a figura do menino travesso logo vem à cabeça: pele negra, corpo franzino, cachimbo na boca, caminhar saltitante sobre uma perna só. Talvez o Saci seja o personagem folclórico que possui a imagem mais difundida entre os brasileiros. “Conheço desde a infância. Ficou na memória do Brasil inteiro”, diz o aposentando Manoel Lima dos Santos que participou, com as crianças, das comemorações na Biblioteca. “Já conhecia o Saci, porque minha mãe contava as histórias pra mim”, diz Flávio de Sousa, aluno da Escola Aldeídes Régis. 
Ouvir histórias, desenhar, pintar o rosto, vestir a carapuça, pular de uma perna só. Idosos e crianças tiveram uma manhã de Saci na Biblioteca Pública. Foi uma oportunidade para relembrar histórias de traquinagens e se divertir. “A gente já sabia alguma coisa, mas ficamos sabendo de outras armações do Saci”, conta Letícia Marinho, aluna da Escola Aldeídes Régis. Carminda Gadelha, dona-de-casa, já tinha visto o Saci em filmes, mas nunca tinha ouvido a história dele tão de pertinho. “Conheço um menino que se parece muito com o Saci. Ele é muito engraçado”, conta Carminda. 

“O Saci é o que melhor representa nossas tradições. É negro, tem um pouco de índio e tem um gorro de tradição européia”, diz Otávio Menezes, da coordenadoria do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura (Secult). Todo mundo tem um pouco de Saci. Fátima Rodrigues, professora do Cies Edmílson Pinheiro, conta que nas escolas há exemplos clássicos. “Na minha sala tem um Sacizinho de primeira, que sempre escapole”. Segundo Otávio, essa característica humanizada do personagem foi uma das motivações para a escolha dele como um ícone da valorização das tradições folclóricas brasileiras. 
Outras cidades no País, como São Paulo, também realizam atividades para celebrar o personagem. O objetivo é contrapor o Dia do Saci ao Halloween, festejo americano, que vem ganhando espaço na agenda cultural do País. “Se temos símbolos, mitos, porque não elevar as nossas tradições? Percebemos a disseminação da festa do Halloween com o intuito de vender os produtos que dela se originam”, acredita Otávio Menezes. 
E o 31 de outubro vai ganhar respaldo legal em Fortaleza. O projeto de lei que institui o Dia do Saci, de autoria do vereador Guilherme Sampaio, foi aprovado, ontem, em primeira discussão na Câmara Municipal. “Fortaleza passa a fazer parte de uma rede de resistência e afirmação de valores culturais e da maneira de ser da nossa sociedade”, diz o vereador. Segundo Guilherme Sampaio, o projeto deve, ainda, ser aprovado em segunda discussão na Câmara e, depois, enviado para redação final.