O livro faz abordagem de temas relevantes, como cultura, cidadania, gestão compartilhada, mobilização social, memória e infância
Isabel Cardoso / Para o +MAIS
O livro “Toque de Avançar. Destino: Independência”, do escritor e jornalista Flávio Paiva, será lançado na madrugada do domingo, 6, quando estará disponível no canal youtube.com/flaviopaiva59 numa videoconferência gravada, mediada pela jornalista e produtora cultural Rossane Nascimento, de Vitória da Conquista, com as participações do autor, da editora Albanisa Dummar (editora Armazém da Cultura), Valber Benevides (ilustrador) e Edvaldo Santana, parceiro de Flávio Paiva na composição da trilha sonora da narrativa.
Segundo Flávio Paiva, após a conferência, será lançado o videoclipe da música Toque de Avançar, composição de Edvaldo Santana e Flávio Paiva), editado pela Comunik Filmes, de Fortaleza, a partir das pinturas do Valber Benevidese de imagens feitas em celulares pelos músicos Edvaldo Gouveia (Voz), Leandro Paccagnella (Bateria e percussão), Webster Santos (Violão nylon, violão aço, violão de 12 cordas e bandolim), Adriano Magoo (Sanfona, Orgão Hammond, piano Rhodes e Clavinete) e Paulo Lepetit (Baixo, arranjo, mixagem e produção musical).
Num segundo momento, no início da noite de domingo, “Toque de Avançar. Destino: Independência” será lançado em evento presencial restrito na cidade de Independência (CE), por ocasião da entrega dos prêmios aos estudantes agraciados com o XII Prêmio Flávio Paiva de Literatura, atividade do Espaço Cultural História Viva que visa mobilizar a juventude independenciana para o exercício do pensamento e da escrita sobre temas relevantes da atualidade e o tema deste ano foi “A família em tempos de pandemia” e contou com 455 inscritos de escolas públicas e privadas da sede e da zona rural.
Em entrevista ao Jornal Meio Norte, Flávio Paiva afirma que o livro Toque de Avançar faz abordagem de temas relevantes, como cultura, cidadania, gestão compartilhada, mobilização social, memória e infância. Traz uma mescla de várias temáticas, trata de um momento de definição do que seria o início de um processo de descolonização que ainda não se concretizou. “O maior inimigo da independência brasileira está presente. São os filtros da derrota, da inferioridade, da impotência e do modelo mental de colonizado que insistem em impedir que acreditemos em nós mesmo”, explica.
Segundo o autor, nascido na cidade de Independência (CE), mais do que uma herança, o nome do lugar é uma mensagem e uma expectativa de destino. “Depois de me aprofundar no que aconteceu há quase 200 anos com a legião popular formada por cearenses, piauienses e maranhenses para derrotar o exército lusitano – o que assegurou que o Brasil não perdesse a Amazônia para Portugal – foi que passei a compreender e a valorizar mais a memória dos nossos antepassados”, afirma.
Com o livro, o autor pretende, antes de tudo, contribuir para que seus conterrâneos percebam que Independência não é apenas um lugar, mas uma ideia substancial de busca destemida do bem viver com dignidade, senso de justiça e força transformadora.
Flávio define Toque de Avançar como um ponto de apoio à leitora e ao leitor juvenil, para que possam encontrar cumplicidade na essência poética e nômade da literatura, da pintura e da música e, assim, percorrer, lado a lado com os personagens, acontecimentos dramáticos de uma narrativa que convida a pensar sobre o que é ser pequeno ou grande, fraco ou forte, sonhador ou realista. “Essa possibilidade me deixa contente por compartilhar o que aprendi com os que vieram antes de nós, sua bravura, determinação e coragem movidas por desejos de viver em um país livre de devassas coloniais; missão ainda extremamente necessária”, diz.
O livro une literatura e música e o sertão se faz presente tanto na música como na literatura. “No Toque de Avançar o sertão se horizontaliza na abrangência dos territórios cearense, piauiense e maranhense”, confessa o autor, que no momento está focado no lançamento de sua obra que pode ser adquirida por meio da Loja Virtual, do Armazém da Cultura: armazemdacultura.com.br ou pelo WhatsApp (85) 9.9610-2658.
Livro exigiu pesquisas de campo no Piauí e Maranhão
O autor começou a desenvolver sua pesquisa para produção do livro no início de 2019 e conta que foi provocado por uma criança de mais ou menos 8 anos, estudante de uma escola em Fortaleza, cuja turma estava desenvolvendo atividades com o livro infantil de Flávio chamado ‘Fortaleza – de dunas andantes a cidade banhada de sol’, da Editora Cortez.
“Ele leu na minha biografia que nasci em Independência e questionou sobre a razão que me levara a escrever um livro com a história de Fortaleza, mas não tinha feito o mesmo com Independência”, confessa o autor, que ao responder a criança, falou do desejo de escrever um livro sobre sua cidade e explanou sobre as dificuldades de fontes de pesquisa. “A bem da verdade, eu não sabia sequer porque aquele lugar tinha o nome que tem. Senti-me desafiado. É certo que tenho o título de Cidadão de Fortaleza e adoro a cidade que me acolheu e onde já passei a maior parte da minha vida, contudo, as minhas raízes estão mesmo é em Independência, no interior, no sertão. Não sosseguei enquanto não li tudo o que pude sobre o assunto”, explica Flávio, que para incrementar mais sua pesquisa, veio aos estados do Piauí e Maranhão, numa viagem de carro. Enfim, o autor levou pouco mais de um ano para produção do Toque de Avançar.
Segundo Flávio, a viagem aos estados do Ceará, Piauí e Maranhão foi uma jornada importante. Transitar por dentro da paisagem, percorrer lugares de acontecimentos significativos da história e pesquisar em fontes primárias foram fundamentais para o despertar da consciência movedora das palavras e dos sons normalmente presentes em seu trabalho. Ele esclarece que o levantamento de referências visuais também ajuda bastante nas trocas entre autor e artista plástico na composição das ilustrações.
O escritor ressalta ainda que durante a viagem, na companhia do amigo, o escritor oeirense Augusto Rocha, e do filho Lucas Paiva foi fundamental na construção do seu olhar sobre os lugares visitados e também para descobrir os motivos, sentimentos e intenções que levaram os seus antepassados a chamar de Independência o lugar onde ele nasceu e que até 1880 fazia parte do Piauí.
“Retornamos a Fortaleza exatamente quando houve o estouro da pandemia do coronavírus. Mas daí eu já estava bem municiado das informações colhidas em entrevistas e na rica bibliografia consultada, e Toque de Avançar foi escrito e musicado na quarentena”, explica Flávio, que chamou essa viagem “Expedição Alecrim”, numa homenagem ao comandante João da Costa Alecrim, vitorioso na última batalha contra o exército português em terras brasileiras, ocorrida no Morro das Tabocas (1823), na então Villa de Caxias das Aldeias Altas (Maranhão), logradouro que passou a ser popularmente chamado de Morro do Alecrim.