Fortaleza sofre com degradação
Diário do Nordeste, 26/03/2012

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Movimento Pró-Árvore discute, no Parque do Cocó, como minimizar os problemas ambientais da Capital

Fortaleza apresenta sérios problemas de degradação ambiental e social em diferentes escalas e magnitudes, os quais se configuram de forma desigual pela Cidade, promovendo vulnerabilidades acentuadas. Para mudar este cenário e transformar a Capital em uma cidade mais arborizada, o Grupo Edson Queiroz lançou a campanha “Plante uma árvore. Semeie esta ideia!”.

O crescimento urbano acompanhado de políticas pontuais e frágeis de planejamento ao longo das últimas décadas são tensores de primeira ordem para o cenário de degeneração dos sistemas naturais em Fortaleza. Pelo menos é o que afirmam especialistas no assunto.

A discussão sobre como minimizar essas ações tem sido fomentada na Capital. Ontem, por exemplo, o Movimento Pró-Árvore levou ao Centro de Referência Ambiental do Parque do Cocó a temática “Conversando sobre Cidadania Orgânica”.

Durante o diálogo, o jornalista e pesquisador do tema Flávio Paiva expôs pontos que caracterizam o “Cidadão Orgânico”.

Paiva explicou que esse novo cidadão é de um lugar, não de uma classe, e não precisa ser um intelectual, nem ter atuação partidária, “age porque o todo lhe interessa, porque se sente parte do todo. É universal porque associa o futuro do planeta ao seu futuro e vice-versa”.

“Mobilizações da sociedade civil para ações como essa, que costumo chamar de ´cidadania orgânica´, são sempre bem-vindas e cada vez mais necessárias diante da atual crise da democracia representativa”, completou o jornalista.

Prioridade

Um dos coordenadores do movimento, engenheiro agrônomo e especialista em Botânica, Antônio Sérgio Farias Castro, explicou que, ao tomar a decisão de colocar a árvore como uma prioridade, o movimento assume que uma arborização adequada é fundamental para a paisagem urbana, sua qualidade ambiental, qualidade de vida, para a saúde pública e equilíbrio social.

“A Capital tem carência de um departamento de praças e jardins, de um órgão encarregado da arborização. A questão de mudas, plantio, acompanhamento e podas é um dos grandes problemas”, acredita.

“Isso resulta em uma Fortaleza com a pior arborização do País. Capitais como Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, as grandes cidades de maneira geral, possuem algum órgão que trata da sua área verde. Isso se reflete na própria população cearense, que acaba não dando o devido valor a sua flora”, opina Castro.

O jornalista Flávio Paiva acrescenta que, “a valorização e a proteção das árvores é uma maneira de sentirmos a Capital como a nossa casa, a casa da beleza, da sensação de ar livre, dos lugares acolhedores, com áreas sombreadas e lugar ao sol para todos. É cuidar para que nós, fortalezenses, naturais, adotados ou visitantes, usufruamos mais da Cidade vibrante, de agradável convívio e espaços dignamente públicos, com bem-estar de segurança e áreas verdes dotadas de equipamentos desportivos, culturais e de lazer”, conclui.

A criação do Movimento Pró-Árvore sinaliza a existência de uma mudança na perspectiva de direitos civis e políticos de muitas pessoas que estão indignadas e com vergonha de morar e viver em um centro urbano marcado pelo descaso e por toda ordem de descarada especulação.

Para os integrantes do Pró-Árvore, Fortaleza necessita de compensações ambientais amplas e, para isso, é importante que a sociedade faça o que está ao seu alcance e, se possível, procure se articular com a parte da iniciativa privada e dos setores públicos que estão comprometidos com a sustentabilidade.

Ações

O movimento dá exemplos de iniciativas que podem ser desenvolvidas pelas pessoas com consciência socioambiental, independentemente de obrigações oficiais, como promover a plantação de mudas, incentivar a melhoria dos jardins de casas, condomínios e locais de trabalho, influenciar a troca de muros por grades, para que os prédios abram mais seu verde para as ruas, aumentar o uso social das praças e parques, estimular as empresas que mantêm áreas verdes e colaborar com as instituições realizadoras de programas de ecocidadania.

Programação

Hoje, às 9h, o governador Cid Gomes vai abrir a Festa Anual da Árvore no Maranguapinho. Na oportunidade, será dado início ao reflorestamento da margem do rio, com o plantio de mudas.

O presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente, Paulo Henrique Lustosa, e o secretário das Cidades, Camilo Santana também plantarão mudas de planta, que somarão mil unidades. A programação transcorrerá até sexta-feira, (30), em 73 municípios.

THAYS LAVOR
REPÓRTER

Fonte