O Estado do Maranhão – Música
São Luís, 02 de setembro de 1997

“Terra do Nunca” viaja pela musicalidade brasileira, com direito a inovações que vão do techno-rock ao xote-rap

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O cearense Flávio Paiva, a maranhense Anna Torres e o paulista Paulo Lepetit, dentro de um elevador: linguagem contemporânea

A maranhense Anna Torres está, aos poucos, conquistando seu espaço fora do Estado. Depois de se apresentar pelo eixo Rio-São Paulo, ela ataca numa parceria com um cearense e um paulista: Flávio Paiva e Paulo Lepetit, respectivamente. O disco “Terra do Nunca”, produzido pelo selo Plural de Cultura através dos benefícios da lei cearense de incentivo à cultura, chega ao mercado com a promessa de colocar a cantora no patamar das grandes vozes do Nordeste. 

O disco é um velho sonho de Flávio Paiva que, apesar de não cantar ou tocar qualquer instrumento, já lançou seu segundo disco. Nas 12 faixas, uma viagem pela Música Plural Brasileira, com direito a inovações de linguagem que passam pelo techno-rock, xote-rap e pop-soul e até ao pulsar funkeado que agita a modernidade da música do País. 

A cantora maranhense e o instrumentista paulista não são as únicas companhias de Flávio nessa viagem musical. Entre os parceiros do cearense estão o percussionista maranhense Papete, o bluesman paulista Edvaldo Santana e as cantoras cearenses Kátia Freitas e Mona Gadêlha, que também assina a produção executiva do disco. Também participam, o reggae-rapper Rica Caveman (da banda Nomad), o trombonista Bocato e o guitarrista Lanny Gordin e o casal indiano Harbans e Ved Arora (que declama trechos em hindustani transcritos do filme “Taj Mahal”, de Sadiq. 

Flávio acertou na escolha dos parceiros, tanto que o disco mereceu elogios da crítica especializada. A cantora Anna Torres pode ser considerada um dos grandes trunfos do trabalho. A voz é definida em entrevistas através de termos como ‘forte’, ‘poderosa’, ‘encorpada’. Os críticos ficaram surpresos com o potencial da maranhense. “Quando uma cantora chega do Maranhão, o que se espera ouvir é uma música regional. Para minha surpresa, a Anna Torres consegue fazer música urbana hiper bem feita”, afirmou Luís Fontana, diretor musical do Mistura Fina, espaço carioca onde a cantora se apresentou.

Para quem não conhece Flávio Paiva, ele é o autor da música “latitude”, que garantiu a Ricardo Black o prêmio de melhor intérprete no V Canta Nordeste (foi a melhor colocação do estado no evento). Antes de colocar “Terra do Nunca” no mercado, o cantor lançou “América”, parceria com a cantora Olga Ribeiro, em 1992. Dois anos depois, lançou “Rolimã”, o primeiro trabalho como autor. 

Natural de Lago da Pedra, Anna Torres é velha conhecida dos palcos maranhenses e tem a voz registrada no CD que leva seu nome e foi lançado há cerca de dois anos trazendo canções como “Essência de Ser” e “Negros”. Paulo Lepetit é de Rio Claro e já lançou “Le Petit Comitê” (Baratos Afins). “Terra do Nunca” mistura o sentimento mestiço do trio.