O Povo, Vida & Arte, 21/11/2000
A reunião do Pacto de Cooperação do Ceará de ontem foi dedicada ao lançamento do livro sobre o movimento de autoria de Flávio Paiva e João de Paula Monteiro. Discursos e depoimentos comemoram o lançamento traçando um panorama do Pacto.
Cadeiras empilhadas, cada um pega a sua e a posiciona onde melhor lhe parecer. Um discreto chamamento da coordenadora geral do Pacto de Cooperação do Ceará, Kelly Whitehurst, e vai começar mais um café-da-manhã do Pacto. O motivo da reunião de ontem: o lançamento do livro de Flávio Paiva e João de Paula Monteiro sobre a dinâmica das iniciativas e de suas reuniões: “Os cinco elementos. A essência da gestão compartilhada do Pacto de Cooperação do Ceará.” Cooperação, pluralidade, informalidade, virtualidade e catálise – os elementos – são evocados pelos autores para explicar o que faz do Pacto um movimento duradouro e exportador da experiência das cadeiras empilhadas e do fazer sentar numa roda informal de discussão representantes do empresariado, do governo e da sociedade.
Embora os autores do livro e os coordenadores gostem de frisar que os resultados do Pacto de Cooperação são difíceis de mensurar (citando a máxima de que o Pacto não faz, mas catalisa), o lançamento do livro foi o mote para discursos de empresários, coordenadores do movimento, representantes de entidades da cidade sobre a experiência do Pacto e de seus frutos. Um dos resultados ressaltados de multiplicação da filosofia de gestão compartilhada do pacto foi a existência do Plano Estratégico da Região Metropolitana de Fortaleza (Planefor). Ao ser concluído, o Plano foi entregue em solenidade pública a todos os candidatos a Prefeito de Fortaleza. Segundo um dos participantes a iniciativa não pode ficar restrita a uma simples carta de intenções. Ao acolherem a proposta os candidatos se comprometeram a cumprir as propostas.
Melhorar a difusão das idéias do Pacto, em seus elementos principais foi uma das motivações dos autores. A interiorização do pacto também foi assunto dos discursos de ontem.
Os autores Flávio Paiva e João de Paula falaram obre o livro ressaltando que o Pacto de Cooperação é um gesto dos cidadãos que buscam superar as restrições culturais produzidas pelas heranças coloniais e escravagistas encravadas na formação do povo brasileiro. Sendo um esforço de autonomia onde a condição necessária passa pela cooperação com o Estado e o Município, ambos percebidos como insuficientes na promoção de um desenvolvimento includente, integrado e auto-sustentável.
OPINIÃO
“Esse livro é conceitual e representa a essência do Pacto, o encontro das idéias, articulação das idéias. Aqui são levantadas e debatidas as problemáticas da sociedade.” (Kelly Whitehurst, coordenadora geral do Pacto de Cooperação)
“Acompanho as reuniões desde o início e agora estou no Pato pela Quarta Idade, que vai completar três anos. A iniciativa é muito boa. O Pacto trabalha com três palavras: consciência, cidadania e ética.” (Antero Coelho Neto, coordenador do Pacto pela Quarta Idade)
“O Pacto traz uma mudança de mentalidade. Só surge onde a sociedade está preparada ou quando existe uma grande necessidade, como aconteceu com o Pacto do Cariri. O importante é que tenha lideranças.” (Cícero Pereira, coordenador do Pacto do Cariri)
“O Pacto está descobrindo para a sociedade que o espaço público não está restrito à burocracia oficial. O Pacto é a liberdade cidadã do pensar, do propor e do opor para construir o novo.” (Demócrito Dummar, presidente do O POVO)
“A experiência do Pacto é excelente. Só acho que a idéia deve ser mais divulgada. A reunião deve ter mais jovens. Os debates deveriam acontecer também nas escolas, é preciso preparar a juventude.” (Dimas Mateus, presidente da Associação dos Cantadores do Nordeste)