Diário do Nordeste – Caderno 3, 24/07/2007

Festival de Fortaleza e o Projeto Pausa Dramática recebem hoje repertório infantil do Grupo Mirante de Teatro

Terça-feira corrida tem o Grupo Mirante de Teatro. Com 23 anos de história, o projeto da Universidade de Fortaleza (Unifor) tem, recentemente, se dedicado à recriação dos clássicos da dramaturgia infantil. Em um ano e meio de trabalho, a companhia levou aos palcos nada menos que três montagens voltadas para a meninada. Duas delas — “Peter Pan” e “João de Maria” (em cartaz no Teatro Celina Queiroz, aos sábados e domingos, às 17h) — entram em cena hoje ainda, quase que em seguida.

Da obra do escocês James Barrie, “Peter Pan” é destaque, logo mais às 17h, no Theatro José de Alencar, dentro da programação do V Festival de Teatro de Fortaleza. Em seguida, às 19h, o Grupo Mirante participa com a peça “João e Maria” de mais uma edição do Projeto Pausa Dramática, do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Arena de debates, o programa pinça do texto dos famosos Irmãos Grimm argumentos para procurar compreender as especificidades de uma cena interessada pelos pequenos. A psicóloga Luciana Holanda Nepomuceno fomenta a discussão. Amanhã, o Pausa Dramática recebe o Grupo Abre Alas com uma adaptação de “Dom Quixote para crianças”, de Monteiro Lobato, seguida de uma conversa com o escritor Flávio Paiva.

Platéia de pequenos

Diretora do Grupo Mirante de Teatro, Hertenha Glauce afirma as dramaturgias infantis rendem sempre processos muitos ricos de pesquisa para o cotidiano da companhia. “Por se tratar de um projeto de uma universidade, o Mirante tem uma dedicação forte no estudo. Quando é o caso de uma produção para crianças, isso se intensifica porque elas são muito exigentes. O público infantil tem que ser tratado com o mesmo rigor do público adulto, mas numa lógica outra, por ser um público em formação”, diz.

Desde o ano passado, já são três as peças do gênero infantil estreadas pelo Mirante. De “Bela Adormecida” a “João e Maria”, passando por “Peter Pan”, o grupo da Universidade de Fortaleza tem formado as bases de uma pesquisa que tem ajudado a melhorar o contato com as platéias de pequenos. Em “João e Maria”, por exemplo, a criançada pode levar para casa um pouco do espetáculo. É que o Mirante transformou a peça num musical e produziu um CD com as músicas inéditas. “Isso é uma forma de estimular a participação das crianças. Quem vai a primeira vez quer logo aprender as canções para puder voltar”, observa a diretora Hertenha Glauce.

Teatro não tem idade

Para Hertenha Glauce, a principal diferença entre os teatros para público adulto e infantil é mesmo a bilheteria. “Tem a questão dos pais, que se preocupam com a educação dos filhos, mas tem, também, um interesse muito grande da própria criança. Um teatro bem feito, que não seja nem invasivo nem ingênuo demais, é a única forma de fidelizar o público”, considera.

Mesmo assim, Hertenha Glauce defende que os gêneros conversem mais. A diretora avalia como delicada uma opção definitiva, tendo em vista que, como experiência de montagem e criação, o teatro, seja para graúdos ou miúdos, tem muito a conversar. Assim, tem trabalhado o Mirante. Na peça “Os Decretos do Rei”, cartaz do próximo dia 30 no Festival de Fortaleza, o grupo se volta aos adultos sem esquecer do que aprendera com a meninada.

MAGELA LIMA
Repórter

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