Revista Educação, ano 27, n 232, agosto de 2000

Inspirado no nascimento de seu filho, o compositor e jornalista cearense Flávio Paiva lança CD infantil com acalantos, cantigas de amor, xotes, marchas-frevo e até um rap funkeado.

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FAC-SÍMILE


Samba-le-lê é um auto infantil afro-brasileiro – também conhecido como dança do lelê – que está em nosso imaginário de danação sadia do corpo e da alma. quem não sabe cantarolar os versos “Samba-le-lê tá doente, tá com a cabeça quebrada…”? Pois o jornalista Flávio Paiva aproveitou a expressão dessa cançãozinha como um guarda-chuva simbólico para abrigar o espírito de um delicioso disco de músicas infantis escritas por ele.

“Empolgado com a gravidez de minha mulher, Andréa, senti vontade de fazer uma composição de boas vindas para nosso filho Lucas. No entanto, acabei escrevendo um tipo de canção dos brincantes, intitulada Amarelinha , e, depois dela, outras tantas, que foram saindo uma atrás da outra, sempre envolvendo nosso ambiente, valores e referências culturais que o Lucas iria encontrar ao nascer. A cantiga de amor para ele saiu por último, em parceria com a Andréa”, conta Paiva.

Quando o filho do compositor nasceu, o CD já estava pronto, com dez canções de letras inteligentes e envolvidas num mosaico rítmico variado: baião, xote, cantiga de amor, acalanto e rap funkeado. Todas interpretadas pela cantora Olga Ribeiro, com a participação de um coro infantil composto de 15 meninos e meninas. “A atmosfera de espontaneidade do disco requereu naturalmente a participação de crianças que pudessem cantar livremente, como em uma brincadeira de calçada”, explica Paiva, que complementa, esclarecendo qual a faixa etária de seus ouvintes: “Se tomarmos como parâmetro o Lucas, começa na barriga da mãe, antes do nascimento, e vai até a quarta idade do seu avô mais adiantado no tempo. Outro dia fui dar uma palestra na Universidade Federal d o Ceará e fiquei surpreso com a declaração de alguns estudantes do centro acadêmico de biologia que me informaram o quanto escutam o CD para descontração antes de reuniões.”

A tiragem inicial do Samba-le-lê de mil cópias, contou com o apoio do Instituto O Canarinho, de Fortaleza (CE), onde foi realizado o primeiro lançamento, dentro de uma programação de arte-educação. A segunda tiragem, de 1.500 discos, teve toda a sua renda destinada ao projeto de aleitamento materno da Pastoral da Criança e à Casa do Menino Jesus, que atende crianças vítimas de câncer.

Por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Ceará, Flávio Paiva aprovou um projeto para editar mais cinco mil exemplares do CD, que serão distribuídos para arte-educadores e bibliotecas das escolas públicas da região metropolitana de Fortaleza. “Conseguimos o apoio cultural da Companhia Energética do Ceará, que já assinou a Declaração de Incentivo. No momento, estamos esperando a liberação do certificado por parte da Secretaria da Fazenda do Ceará”, anima-se.