VALOR ECONÔMICO, Eu & Consumo – Meu Guia – Segunda-feira, 12/08/2002
Os autores Flávio Paiva e Miguel Macedo, garantem que a versão atualizada do seu “Guia de Praias do Ceará” (Edições Demócrito Rocha, 232 páginas, R$ 15) nada tem a ver com a mais nova “onda Ciro Gomes” – nascido em São Paulo, mas criado no Estado nordestino. Mas foi com igual expectativa de sucesso (e) leitor brasileiro que eles mapearam 573 Km de mar, dunas, falésias e coqueirais ao longo de 12 dias inteiros, viajando das 6h30 às 2030 a bordo de um Mazda 4×4.
A edição recém lançada da obra, desta vez escrita somente em língua portuguesa, foi pautada para quem igualmente estiver com fôlego (e gasolina) suficiente para desbravar as praias de carro. As instruções sobre como chegar, no rodapé de cada página, o que não significa letras miúdas, são as mais detalhadas possíveis, com indicação de semáforos, trilhos, atalhos, postos de gasolina, vias mais ou menos estreitas e por aí vai. Os autores se preocuparam até mesmo em alertar o leitor sobre as ruas que mudam de nome no meio do caminho. Impossível se perder. A própria organização do guia segue essa lógica, e os viajantes devem ter como ponto de partida, ou como definem os autores, na estátua de Iracema, na Praia de Mucuripe.
Paralelamente à objetividade do pé de página, os autores se deram a liberdade de fazer prosa e poesia a respeito de cada localidade, em textos escritos em cima das fotos, que chegam a ocupar mais de três quartos de quase todas as folhas. Um aspecto pitoresco é a página “souvenir musical”, onde o leitor encontra doze sugestões sobre músicos e intérpretes cearenses – duas delas são de autoria do próprio Paiva.
A dupla também usa e abusa de regionalismos, como a expressão “mangando nos outros”, usada para descrever a mesma Mucuripe: “Assumimos a nossa parcialidade e subjetividade, muito maior que um critério técnico ou turístico”, reconhece Paiva.
O autor observa que o caráter autora do guia também lhes permitiu fazer algumas observações críticas, ainda que sutis, como em relação à notória Jericoacoara: “…essas e outras dunas de Jeri precisam da atenção permanente (…) antes que a fúria dos tratores da especulação provoque surpresas indesejáveis.
Encerrando a obra, um anexo de serviços com dicas de hotéis, pousadas, flats e restaurantes, organizados por faixa de preço, e divididas na Fortaleza do leste e do oeste e no litoral, de direções idem. Pelo menos nesse caso, o (e) leitor vai saber para onde ir.