Vida longa à arte
Jornal DIÁRIO DO NORDESTE, Caderno 3, 19/09/2014

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Estrigas festeja os 95 anos com a abertura de mostra de aquarelas, e lançamento de livro, no Sesc Senac

Um dos mestres das artes plásticas do Ceará, o pintor, crítico e ilustrador, Nilo de Brito Firmeza completa, hoje, 95 anos. Conhecido como Estrigas desde dos tempos de escola, ele comemora a data fazendo o que mais gosta: arte, seja pintando ou escrevendo. Às 19 horas, abre sua nova mostra individual, “95 anos Estrigas”, composta por 20 aquarelas pintadas nos últimos meses; e lança o livro “Hoje e o tempo passado – O encontro com as lembranças”, escrito entre 2013 e 2014.

O palco desse “momento de celebração” (como define a sobrinha do artista e coordenadora do Mini-museu Firmeza, Rachel Gadelha) é o Teatro Sesc Senac Iracema. A comemoração começou a ser preparada há um ano.

O livro é um misto de “reflexões artísticas e afetivas”. Dividido em duas partes, a obra traz manifestos, escritos e visuais, deixados para ele, no último ano, quando perdeu a sua eterna companheira, Nice. Na outra , descreve sua história de vida, que começa no dia 19 de setembro, de 1919, quando nasce, no Centro de Fortaleza, num período de seca, quando os pais vieram do Crato na esperança de oferecer dias melhores aos filhos. O escritor e jornalista Flávio Paiva assina o prefácio da obra, enquanto o professor e artista visual Geraldo Jesuíno responde pela edição.

Conforme Rachel Gadelha, está em fase de estudo, pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE) a possibilidade da mostra ser incorporada ao acervo da pinacoteca do Ceará. O talento de Estrigas ganha destaque tanto na pintura como na crítica de arte. Assim, aqueles que quiserem conhecer ou pesquisar sobre a história das artes cearenses, principalmente as fases moderna e contemporânea, têm como principal referência a obra do artista.

Rachel Gadelha chama a atenção para a vitalidade e potência artística de Estrigas, que continua pintando e escrevendo. Foi de sua produção recente que escolheu, ele próprio, os 20 trabalhos que compõem a exposição, que pode ser visitada até o dia 17 de novembro. O livro documenta suas leituras mês a mês, falando também da relação afetiva e intelectual do mestre, além de retratar a sua vida, em especial, nos dois últimos anos. Quanto às pinturas, são obras que se destacam pela delicadeza, denotando o momento vivido pelo artista, no último ano. “Ele continua escrevendo e pintando”, festeja a sobrinha.

Um artista completo. Assim pode ser definida a trajetória de Estrigas, cujo destaque não se restringe apenas à pintura. Seu talento vai além, sendo considerado um dos mais renomados críticos do Estado, ajudando assim a escrever um dos mais ricos capítulos das artes visuais no Ceará. Inquieto, criativo, e sempre atento ao que acontece no mundo das artes, começa sua carreira na década de 1950, época em que o movimento modernista ganha dimensão, saindo do circuito Rio-São Paulo.

Memória

O desejo de preservar a memória da arte cearense faz com que assuma as funções também de crítico, pesquisador e escritor. É considerado como um dos guardiões da Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap), entidade que revolucionou as artes visuais no Estado. Estrigas continua contribuindo para a construção dessa memória. Autor de mais de 20 livros, sua arte ganha destaque também na ilustração.

A vida de Estrigas é guiada pela arte, sendo considerado como um dos principais protagonistas do modernismo cearense, quando passa a frequentar a Scap, nos anos 1950, ao matricular-se no curso livre de desenho e pintura. Mas a Scap oferece mais do que o início de uma trajetória artística. Em meio a discussões sobre arte, conhece sua companheira, com quem viveria mais de meio século: a doce Maria Nice, faleceu no dia 13 de abril de 2013, aos 91 anos. Juntos construíram não apenas um projeto de vida, iniciado em 1961, quando se casaram, mas um espaço para ajudar a contar um pouco sobre a história das artes visuais no Ceará.

Mais informações:
Abertura da exposição “95 anos Estrigas” e lançamento do livro “Hoje e o tempo passado”. Às 19 horas, no Sesc Senac Iracema (Rua Boris, 90-C, Praia de Iracema). A mostra pode ser visitada até o dia 17 de novembro, de segunda à sexta, de 9h às 21h; aos sábados e domingos, de 16h às 20h.

Iracema Sales
Repórter

Fonte: Jornal Diário do Nordeste